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Ex-mulher do homicida da Estela “temia pela própria vida”

Sílvia Lima, a ex-mulher do homicida da Estela, “temia pela própria vida e pela do pai”. É esta a convicção de uma amiga e de um militar da GNR da Póvoa, que, hoje, prestaram declarações no Tribunal de Matosinhos, naquela que foi a segunda sessão do julgamento de Paulo Silva. O empresário está acusado de matar a tiro a ex-mulher, Sílvia Lima, de 42 anos, e enteado, Renato Alves, de 23 anos, e os ex-sogros, Maria de Fátima e Domingos Lima, de 70, no café S. Tomé, na freguesia da Estela.

Ouvida hoje no tribunal, uma funcionária do restaurante de Sílvia Lima e amiga da mulher há vários anos, afirmou ao coletivo de juízes que ela andava “sempre assustada e com muito receio” do que o ex-marido pudesse fazer. “Temia por ela e pelo pai porque, em conversas, dizia-me que ele a ameaçava”, frisou a testemunha. Em causa estavam uns pavilhões industriais, construídos por Paulo Silva, num terreno do ex-sogro. Com o divórcio do casal, Sílvia e o pai queriam parte das rendas que Paulo auferia pelo aluguer dos pavilhões. Paulo negava.

Ouvido em tribunal foi ainda um militar da GNR. Contou que, uma semana antes do crime, recebeu no posto uma denúncia anónima de uma “discussão e ameaça grave” do alegado homicida para com a ex-mulher e o ex-sogro. Sílvia foi chamada a depor. Ao militar, afirmou o mesmo que já havia confidenciado à amiga: “Não quis apresentar queixa formal por ter muito medo e saber do que o ex-marido seria capaz”. Um dia antes do quádruplo homicídio, Paulo Silva foi chamado ao posto da GNR para prestar declarações sobre o caso. Quis saber se Sílvia havia formalizado queixa.

O coletivo de juízes ouviu ainda o presidente da Junta, Armandino Domingues. Contou ter ouvido “vários tiros” no dia do crime, por volta das 9 da manhã, e, pouco depois, ter visto o alegado homicida a entrar no seu carro, estacionado na rua do café S. Tomé.

À data do crime - 29 de Abril de 2015 - Paulo Silva estava separado de Sílvia Lima há um ano e meio. Naquela manhã, diz a acusação, terá ido ao café dos ex-sogros com o intuito de matar Sílvia e a família. Atingiu a ex-mulher com dois tiros, de seguida a ex-sogra e, em ato contínuo, entrou na casa (com acesso pelo café), e baleou o enteado Renato Alves, de 23 anos, e, finalmente, o ex-sogro. O filho de Sílvia e Paulo Silva, de 16 anos, terá assistido a tudo. Será, agora, ouvido em julgamento, mas à porta fechada. Paulo Silva acabaria detido pela GNR, duas horas depois do crime, já durante a fuga, em Valença. Na primeira sessão do julgamento recusou prestar declarações, mas afirmou já ter “confessado os factos”.

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