Homicida da Estela condenado a 25 anos de prisão
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- Categoria: Notícias Regionais
- Publicado em quinta-feira, 05 maio 2016 13:05
- Escrito por: João Ricardo
O Tribunal de Matosinhos condenou hoje Paulo Silva à pena máxima de prisão - 25 anos - por ter matado a tiro a ex-mulher, Sílvia Lima; os ex-sogros, Maria de Fátima e Domingos Lima, e o enteado Renato Alves. O coletivo de juizes entendeu que, em 28 de Abril do ano passado, o acusado foi ao Café S. Tomé, na freguesia da Estela, na Póvoa, com o propósito de matar as pessoas com quem se tinha incompatibilizado, sobretudo com o sogro e com Sílvia, que apresentara uma queixa na GNR por causa de ameaças do empresário. Por esse crime de ameaças, o tribunal condenou-o hoje a um ano e seis meses de prisão. Mas o grosso da condenação teve a ver com a morte das quatro pessoas e, se fosse aplicada a totalidade das penas, pelo crime de homicídio qualificado (decretadas hoje pelo tribunal) Paulo Silva passaria 67 anos na cadeia. Assim, tem a pena máxima permitida: 25 anos de cárcere. Terá ainda de pagar uma multa de 1800 euros por detenção de arma proibida sob o efeito do álcool e já tinha sido julgado – e condenado – no tribunal de Valença por conduzir alcoolizado. Isto porque, no dia fatídico, foi já a caminho de Espanha que Paulo Silva foi detido pela GNR depois de ter sofrido um acidente de carro.
O tribunal entendeu que não podia atuar com “uma situação de faroeste” e considerou que Paulo Silva não se arrependeu dos factos, apesar do que disse em julgamento. “Intrinsecamente não está arrependido” disse a juíza, que acrescentou ter o tribunal formado essa convicção com base nos resultados das perícias forenses, mas também nas intervenções, sem embargo na voz, do próprio Paulo Silva, que demonstraram desprezo e desinteresse pela vida humana e auto-comiseração, culpando as vítimas pelos crimes. Por outro lado, o tribunal não esqueceu que o empresário disparou seis tiros sobre o ex-sogro, quatro sobre o enteado e a ex-mulher, e mais três em direção à ex-sogra. Ou seja: gastou todas as munições que tinha nas duas armas que levou para cometer os homicídios. O sogro estava agachado atrás de uma porta, a mulher foi surpreendida quando estava a ler o jornal, o enteado quando fugia e a sogra quando procurava ver o que se passava. Em três situações, o empresário disparou e, mais tarde, confirmou a intenção com novos tiros na cabeça dos atingidos, o que denota uma personalidade com problemas, salientou a juíza que leu o acórdão.
Jorge da Costa, advogado do homicida, disse que ainda vai ponderar o recurso até porque o seu cliente confessou a maior parte dos factos e restará para limar somente aspectos de pormenor, mas ainda assim importantes. Entre os aspectos mais criticados pelo advogado foi a investigação feita pela Polícia Judiciária, que deveria ter apurado o que levou Paulo Silva a atuar de forma tão desesperada. A juíza disse esperar que o condenado passe a saber que há regras na sociedade e que agiu com especial censurabilidade e perversidade, com motivos torpes e fúteis. Ao tribunal foram poucos os familiares das pessoas ligadas às pessoas envolvidas, se exceptuarmos Agostinho Alves, ex-marido de Sílvia e pai de Renato Alves, o jovem com 23 anos, abatido pelas costas quando tentava fugir. Agostinho constituiu-se assistente no processo, juntando-se à acusação, e apresentou um pedido de indemnização que vai ser julgado noutro tribunal - o cível - porque o de Matosinhos não admitiu essa solicitação. Os dois filhos de Paulo Silva e Sílvia serão sempre herdeiros, mas parte dos bens poderá ainda parar a Agostinho Alves se ficar provado que Renato Alves morreu depois da mãe. Era essa a sequência que Agostinho defendia, contou o advogado Francisco Ramos que considerou justa a aplicação da pena máxima de cadeia.
As declarações podem ser ouvidas na edição local.
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