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Trasladação de Eça para o Panteão divide a família do escritor

Há seis bisnetos de Eça de Queiroz contra a transladação do escritor poveiro para o Panteão Nacional. O grupo já escreveu ao presidente da Assembleia da República, Santos Silva, a manifestar “a mais sentida indignação e surpresa pela forma como foi promovida a execução da Resolução da Assembleia da República que autorizou a trasladação dos restos mortais de nosso bisavô Eça de Queiroz, do cemitério onde jaz, em paz, ao lado de sua filha, em Santa Cruz do Douro, Baião, para o Panteão Nacional”.

A circular na internet está ainda uma petição pública, que conta com 402 subscrições, intitulada “Eça é da Nação, Santa Cruz do Douro é o seu Panteão” e que tem como primeiros subscritores o bisneto do escritor, António Eça de Queiroz e a Junta de Freguesia da União das Freguesias de Santa Cruz do Douro e São Tomé de Covelas (Baião). António Eça Queiroz diz mesmo que a família descontente está a preparar uma providência cautelar para impedir a transladação do escritor d’ “Os Maias” e fala numa “afronta” à vontade dos herdeiros do escritor.

O grupo defende a manutenção dos restos mortais de Eça em Santa Cruz do Douro e a colocação, no Panteão, de uma lápide num túmulo sem corpo no Panteão, como foi feito, relembram, com Aristides de Souza Mendes, cujas ossadas permanecem em Cabanas de Viriato.

A trasladação dos restos mortais do escritor está marcada para 27 de setembro e nasceu de uma proposta da Fundação Eça de Queiroz, presidida pelo trineto de Eça e escritor, Afonso Reis Cabral. Foi aprovada na Assembleia da República por unanimidade em janeiro de 2021. Afonso Reis Cabral acrescenta ainda que a contestação é “extemporânea”. “Mais do que bisavô, Eça de Queiroz é, sobretudo, um dos maiores escritores da Língua Portuguesa, e uma figura tutelar para a própria modernidade da língua e da cultura do nosso país. Pertence, pois, a todos os portugueses”, frisa, acrescentando que, dos 22 herdeiros de Eça, “13 concordam com a trasladação, seis estão contra e três abstiveram-se”.

Ouvido pela Onda Viva sobre a polémica, o vice-presidente da Câmara da Póvoa, Luís Diamantino, diz qua, embora não tenha sido consultada, a autarquia poveira concorda com a trasladação e frisa: Eça é figura nacional e não pode ser pensado com mente “pequenina”.

Quase 123 anos depois da sua morte, Eça de Queiroz continua a dar que falar.

As declarações podem ser ouvidas na edição local.

  

VianaCar

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