Produtores de leite e carne pedem ajuda urgente
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- Categoria: Notícias Regionais
- Publicado em segunda-feira, 14 março 2016 17:25
- Escrito por: João Ricardo
Cerca de dois mil produtores de leite e carne e três centenas de tratores partiram, esta manhã, de Vilar, Vila do Conde, para uma marcha lenta de tratores em direção a Matosinhos. Exigem medidas para proteger a produção nacional daquilo que chamam “práticas comerciais abusivas” da grande distribuição. Manifestaram-se, em Matosinhos, frente a duas grandes superfícies, naquela que é já considerada uma das maiores marchas de protesto de sempre do sector.
Carlos Neves, da Aprolep - Associação dos Produtores de Leite de Portugal, diz que o protesto foi a forma encontrada de chamar a atenção de um “quarteto” que tem feito “muito pouco pela produção nacional”: a União Europeia, que permitiu o fim das quotas, o Governo português que “nada faz”, a distribuição que compra 500 milhões de euros em produtos lácteos ao estrangeiro e, finalmente, o consumidor, a quem pedem que opte por produtos nacionais e, assim, garanta o emprego de milhares de portugueses. Ficou ainda um apelo ao novo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para que ajude a produção, até porque, diz Carlos Neves, pela forma como está a evoluir a guerra dos suinicultores, o Governo não parece disponível para resolver o problema. A única coisa que o Governo fez, diz, foi aplicar uma redução de 50% nas contribuições para a Segurança Social. Carlos Neves frisa: “Não é com palavras que alimentamos as vacas”. Mas afinal o que reclamam os produtores de leite? Que a distribuição gaste mais leite português e que o pague a um preço justo para o produtor.
Rafael Matias tem 19 anos. Os pais são donos de uma exploração com 150 animais em produção, localizada em Beiriz. O jovem diz que estão a receber o leite a 29 cêntimos o litro quando os custos de produção andam entre os 32 e os 34 cêntimos. Acabou agora o curso de técnico de produção agro-pecuária. Queria continuar a formação na área e seguir as pisadas dos pais, mas confessa que está difícil. Há muitos vizinhos a desistir da atividade e explorações a vender 30 vacas por semana para reduzir a produção. Rafael diz que a família não quer desistir e quer continuar a lutar pela exploração que tanto lhes custou a pôr de pé. O jovem ainda mantém uma réstia de esperança no futuro.
Carlos Neves tem pouca esperança nas resoluções que podem sair do conselho europeu dos ministros da agricultura e diz que o trabalho tem que ser feito cá dentro: distribuição e produção a remar para o mesmo lado, numa batalha mediada pelo Governo. Estão sem fim à vista os problemas na produção de leite nacional, que tem na Póvoa e em Vila do Conde uma fatia muito significativa dos seus produtores.
by WebFarol