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Três anos depois o inquérito ao surto de legionela foi arquivado

Foi arquivado o inquérito ao surto de legionela que, em outubro e novembro de 2020, atingiu os concelhos da Póvoa, Vila do Conde e Matosinhos. Três anos depois, o Ministério Público (MP) concluiu que a demora em arrancar com a investigação permitiu às empresas limpar potenciais fontes de infeção, foram feitas poucas colheitas e, a braços com uma pandemia, faltou pessoal no terreno. Posto isto, não foi possível encontrar o culpado pelos 88 infetados, dos quais 15 acabaram por morrer. Agora, as vítimas – ou seus familiares - estão a ponderar avançar com uma ação de responsabilidade civil contra o Estado por omissão e por não ter conduzido uma investigação eficaz e com uma queixa na Provedoria de Justiça para que, tal como aconteceu nos incêndios de Pedrogão, seja fixado um valor de indemnização às vítimas e se reconheça a responsabilidade última do Estado.

O primeiro caso do surto foi diagnosticado a 29 de outubro. O poveiro Joaquim Ferreira, de 85 anos, morreu oito dias depois, a 5 de novembro, mas só a 9 de novembro começaram as inspeções nas fábricas suspeitas. Nessa altura, o surto era já notícia de telejornal.

No despacho de arquivamento, o procurador Bruno Pereira Castro, explica mesmo que, no dia em que foi feita a vistoria, na Refinaria de Matosinhos, estava a ser feito “um tratamento de choque com biocida”, o que eliminaria qualquer eventual vestígio de legionela.

Foram colhidas amostras em seis empresas de Vila do Conde e cinco de Matosinhos, mas valores “anormais” de cloro podem ter “interferido” nos resultados obtidos.

Faltava pessoal, assoberbado de trabalho e a braços com uma pandemia, e faltaram colheitas. Dos 88 pacientes, apenas 31 secreções foram colhidas.

No final, as estirpes de legionela encontrada nas torres de refrigeração da Longa Vida não correspondem às dos doentes e, ainda que o surto tenha sido controlado, depois de desligadas as torres, “nada se pode concluir sobre a identificação da fonte de disseminação da legionela responsável pelo contágio” , diz o procurador.

Foto: Deco/Proteste

VianaCar

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