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'Catástrofe' no horizonte para Póvoa, V. Conde e Barcelos

Os produtores de leite da Póvoa de Varzim são aqueles que, em termos relativos, poderão perder mais auxílios da União Europeia em consequência da reforma da Política Agrícola Comum que está a a ser alinhavada em Bruxelas. Os agricultores poveiros podem ver fugir 85 por cento das ajudas ou seja um corte de 3,9 milhões de euros. Os números estão num estudo da Universidade Católica que mereceu o olhar da federação das cooperativas leiteiras (Fenalac) que acrescenta que Barcelos poderá vir a ser o concelho mais penalizado – em termos do valor financeiro -, com perdas de 12,2 milhões de euros (ou seja em termos absolutos -8 por cento), logo seguido de  Vila do Conde surge em segundo lugar, com um corte estimado pelo estudo no valor de 9,2 milhões de euros (- 83%). Refere um trabalho da página de economia digital “Dinheiro Vivo” que ouviu Fernando Cardoso e o secretário-geral da Fenalac explicou que “a mudança decorre de a Comissão Europeia pretender, no próximo ciclo de apoios, promover a convergência nos pagamentos aos agricultores em geral, igualando os valores em função do número de hectares, num processo gradual até 2026, que se iniciaria em 2023, para no final do período ter uma convergência a 75 por cento”.  Se tal vier a suceder, Fernando Cardoso antevê quebras no rendimento, fecho de empresas e desemprego", num setor - o do leite – que tem um peso de 12 por cento na totalidade da produção agrícola nacional e gera 11500 postos de trabalho no país. Segundo o estudo da Católica, atualmente os produtores de leite do continente beneficiam atualmente de pagamentos por hectare "cerca de três vezes superiores à média recebida por todas as explorações nacionais" uma vez que recebem sobretudo, por via do Pagamento Base (36%), dos Pagamentos Ligados à Produção (25%) e do Pagamento Verde (24%), lê-se no estudo. Mas, lembra o secretário-geral, “um hectare de uma exploração de leite no Entre Douro e Minho, por exemplo, não é igual ao que se produz num hectare de outra qualquer região. O que está em causa é uma proposta de redistribuição injusta. Sendo a componente dos Pagamento Base a mais relevante, há que recordar que essas ajudas destinam-se a dar dinheiro aos agricultores, quer produzam ou não, apenas em função da superfície agrícola de que dispõem. Portanto, o que pode vir a acontecer é tirar apoios a quem produz, para beneficiar quem quer apenas manter a terra, privilegiando regiões com uma componente produtiva muito mais baixa", como o Alentejo e o Interior, já contempladas nas ajudas do âmbito do desenvolvimento rural, de acordo com o estudo.O dirigente revela que a tutela portuguesa da Agricultura já propôs, a nível nacional, uma antecipação da convergência do pagamento das ajudas, em 2021 (e não 2023), aplicando 100% no final de 2026, "indo além dos 75%, o mínimo exigido pela CE". Se assim for, Fernando Cardoso adverte que isso seria "catastrófico" e "inexplicável", registou o “Dinheiro Vivo”.

As declarações podem ser ouvidas na edição local.

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