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O que é "frisson" e por que algumas pessoas não o sentem?

O que é "frisson" e por que algumas pessoas não o sentem?

Você já ouviu uma ótima música e sentiu um arrepio na espinha? Ou arrepios nos braços e ombros? A experiência é chamada de "frisson", um termo francês que significa “calafrios”, e parece ondas de prazer percorrendo toda a sua pele. Alguns pesquisadores até o apelidaram de “orgasmo da pele”.

Ouvir uma música muito emocionante é o gatilho mais comum de frisson, mas alguns sentem isso enquanto olham para belas obras de arte, assistindo a uma cena particularmente comovente em um filme ou tendo contato físico com outra pessoa.

Estudos mostraram que cerca de dois terços da população sente frisson, e usuários do Reddit que gostam de frisson até criaram uma página para compartilhar sua mídia favorita para causar frisson. Mas por que algumas pessoas experimentam frisson e não outras?

O que causa uma emoção, seguida de um calafrio?

Passagens musicais que incluem harmonias inesperadas, mudanças repentinas de volume ou a entrada em movimento de um solista são gatilhos particularmente comuns para o frisson porque eles violam as expectativas dos ouvintes de uma forma positiva, semelhante ao que ocorreu durante a estréia da despretensiosa Susan Boyle em um programa da TV inglesa, que viralizou pelo mundo. Se um solista de violino está tocando uma passagem particularmente comovente que se transforma em uma bela nota alta, o ouvinte pode encontrar esse momento climático emocionalmente carregado e sentir uma emoção ao testemunhar a execução bem-sucedida de uma peça tão difíciil

Mas a ciência ainda está tentando entender porque essa emoção resulta em arrepios em primeiro lugar. Alguns cientistas sugeriram que os arrepios são um remanescente evolutivo de nossos ancestrais (mais peludos), que se mantinham aquecidos através de uma camada endotérmica de calor que eles retinham imediatamente sob os pêlos de sua pele. Experimentar arrepios depois de uma mudança rápida de temperatura (como estar exposto a uma brisa inesperadamente fresca em um dia ensolarado) temporariamente levanta e então abaixa os cabelos, redefinindo essa camada de calor.

Desde que inventamos a roupa, os humanos tiveram menos necessidade dessa camada endotérmica de calor. Mas a estrutura fisiológica ainda está em vigor, e pode ter sido reprogramada para produzir calafrios como uma reação a estímulos emocionais, como grande beleza na arte ou na natureza. Pesquisas sobre a prevalência de frisson têm variado amplamente, com estudos mostrando que entre 55% e 86% da população são capazes de experimentar o efeito.

Monitorando como a pele responde à música

Um estudo da Eastern Washington University, nos EUA, suspeitava que o fato de alguém sentir ou não frisson seria o resultado de seu tipo de personalidade. Para testar essa hipótese, os participantes foram levados ao laboratório e ligados a um instrumento que mede como a resistência elétrica da pele das pessoas muda quando fica fisiologicamente excitada. Os participantes foram convidados a ouvir várias músicas enquanto assistentes de laboratório monitoravam suas respostas à música em tempo real.

Os resultados do teste mostraram que os ouvintes que experimentaram frisson também tiveram uma pontuação alta para um traço de personalidade chamado como "Aberto a experiências". Estudos têm mostrado que as pessoas que possuem esse traço têm imaginações extraordinariamente ativas, apreciam a beleza e a natureza, procuram novas experiências, frequentemente refletem profundamente sobre seus sentimentos e amam a variedade na vida. Essas descobertas indicam que aqueles que intelectualmente mergulham na música (em vez de apenas deixá-la fluir sobre eles) podem experimentar o frisson com mais frequência e intensidade do que outros.

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